Considerando a Bioética como estudo interdisciplinar que lida com a
administração responsável da vida ou da pessoa humana (D. Roy), abordar-se-á neste
texto a comunicação como possibilidade de humanização da pessoa e do mundo.
Parte-se do pressuposto de que a comunicação humana é, em primeiro plano,
a busca do outro. Comunicar é buscar construir e manter vínculos. Quem comunica
partilha algo com o outro, num processo recíproco. Não deveria haver soberania
do emissor e passividade do receptor. Deveria haver trocas. A comunicação se dá
quando emissor e receptor se sentem como iguais. Daí não haver diálogo quando
um grita e o outro cala. Ou quando um grita e o outro grita mais alto ainda.
Comunicar é coabitar. De modo que não há comunicação sem o respeito ao outro.
Como nos comunicamos a todo o momento, o processo parece banal. Mas é a
comunicação que nos move. Ela atravessa todas as nossas atividades: em casa, na
igreja, no lazer, no trabalho, na escola, na política. Isso porque comunicar,
na sua forma mais original, não é privilégio de alguns, mas concerne a todos os
meios sociais, a todas as classes, a todas as idades e a todos os povos. Quando
podemos dizer nossa palavra, experimentamos a sensação de liberdade, porque
comunicação é, ao mesmo tempo, símbolo de liberdade, de democracia, de emancipação
e também de consumo.
Por falar em consumo, entram em questão as técnicas que a criatividade
humana suscita no âmbito da comunicação. Sabe-se que, em menos de cem anos,
foram inventados e democratizados o telefone, o rádio, a imprensa, o cinema, a
televisão, o computador, as redes. Tudo isso reduziu as condições de trocas e
de relação. Reduziu, sobretudo, as distâncias, confirmando a chamada aldeia
global (McLuhan).
Por isso, hoje, queremos não só nos comunicar, mas também ter acesso às
ferramentas que oferecem os mais sofisticados recursos de comunicação.
Crianças, adolescentes e jovens – considerados nativos da “era digital” –
sentem-se muito confortáveis na utilização das técnicas e preferem presentes
como celular, notebook, iphone, ipad e outras ferramentas do gênero.
Embora muitas dessas ferramentas ainda sejam privilégios de alguns, elas
se popularizam sempre mais. O desafio é aliar ferramentas a valores sempre mais
democráticos e humanizadores. Não se trata de condenar nem endeusar a técnica,
mas agregá-la na construção de um mundo de paz, sem exploração, tirania,
violência nem mentiras. Por Antonio Iraildo Alves de Brito (aluno)
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