quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Queremos saber o quê poucos sabem.



Queremos saber o que apenas uma minoria sabe e, por isso, é importante que a maioria da população tenha acesso a tal saber. Há o que grande parte já sabe. Mas, ainda, falta compreender que a vida é mistério que escapa escorregadiamente de qualquer pretensão, mesmo a da razão positivista. (Palavras chave: querer, saber, tecnociência, todos, matematizador, desenvolvimento, abismo, etnias, raças, instituições, alguns, países, classes, sociais, felicidade, riqueza, desenvolvimento, relação, abertura, endeusamento, caminho.)
Queremos saber até que ponto a tecnociência abre possibilidades para que haja respeito à vida e a distribuição de rendas; queremos saber se a maioria das faculdades com seus cursos da área das chamadas humanas refletem sobre a ambigüidade que possui a ciência, a razão instrumental e, ainda, o endeusamento que vai se instaurando aos poucos sobre esta capacidade humana. Queremos saber se, por sua vez, os moralistas das instituições religiosas e não religiosas podem sair de suas concepções românticas quando falam da era anterior à era  tecnocientífica.  Mas, por outro lado, já sabemos que a ciência melhorou a vida das pessoas em inúmeros aspectos, sobretudo se comparada a tempos passados, onde a estimativa de vida era menor; mas queremos saber se, de fato, o modo de pensar “matematizador”, frio, mensurador, possibilita o diálogo, a abertura, a relação e, portanto, a realização das pessoas umas com as outras no mundo. Queremos saber se há um caminho na discussão desenvolvimentista para uma democratização[1] de fato, que abra o entendimento da população mundial, de maneira crítica, quanto ao modo como alguns países se desenvolvem enquanto exploram outros.
Queremos saber se é melhor ou não que todos saibam que o desenvolvimento científico e tecnológico em seu rosto diversificado pode criar abismos, ainda, maiores entre raças, etnias, classes sociais; queremos saber se Aristóteles é atual ao dizer que “a riqueza como glória e o prazer como glória não tornam o homem mais feliz”. (Aristóteles, 1985: 1 .I,cap.3-4) [2], enquanto o distancia dos demais seres existentes e de sua casa primeira.  Queremos saber se a ética se refere ao todo da vida e, logo, importa pensar uma ética não apenas humana, mas também cósmica [3]; queremos saber se a fusão da ciência e da técnica tende a beneficiar a todos ou a grupos particulares. Queremos saber se estamos abertos a nos deparar com desafios que tocam a vida em suas diversas dimensões; queremos saber se percebemos que a vida é mistério, que escapa e foge escorregadiamente de qualquer pretensão, de qualquer ditadura, de qualquer imposição. E, por isso, ela se encontra aberta ao sentido, aberta à liberdade de ser e, mais ainda, aberta à potencialidade de seu ser rompendo com reducionismos. (Vagner Moreira da Silva


[1]  Embora saibamos que existam países no mundo, distantes de um governo democrático. Todavia, mesmo que esses países estejam distantes da democracia, eles também são afetados pelo impacto da técnica e da ciência ou seu desenvolvimento sem controle coloca em risco a segurança de outras vidas. (Este pode ser o retrato da China)
[2]Cf. ARISTÓTALES. Ética a Nicômaco. Brasília: UNB. Citado em: PEGORARO, Olinto A. Ética ebioética: Da subsistência à existência. Petrópolis, Vozes, 2002, p. 34.
[3]Cf. PEGORARO, Olinto A. Ética e bioética: Da subsistência à existência. Petrópolis, Vozes, 2002, p. 32

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