Queremos
saber o que apenas uma minoria sabe e, por isso, é importante que a maioria da
população tenha acesso a tal saber. Há o que grande parte já sabe. Mas, ainda,
falta compreender que a vida é mistério que escapa escorregadiamente de
qualquer pretensão, mesmo a da razão positivista. (Palavras chave:
querer, saber, tecnociência, todos, matematizador, desenvolvimento, abismo,
etnias, raças, instituições, alguns, países, classes, sociais, felicidade,
riqueza, desenvolvimento, relação, abertura, endeusamento, caminho.)
Queremos saber
até que ponto a tecnociência abre possibilidades para que haja respeito à vida
e a distribuição de rendas; queremos saber se a maioria das faculdades com seus
cursos da área das chamadas humanas refletem sobre a ambigüidade que possui a
ciência, a razão instrumental e, ainda, o endeusamento que vai se instaurando
aos poucos sobre esta capacidade humana. Queremos saber se, por sua vez, os
moralistas das instituições religiosas e não religiosas podem sair de suas
concepções românticas quando falam da era anterior à era tecnocientífica.
Mas, por outro lado, já sabemos que a ciência
melhorou a vida das pessoas em inúmeros aspectos, sobretudo se comparada a tempos
passados, onde a estimativa de vida era menor; mas queremos saber se, de fato,
o modo de pensar “matematizador”, frio, mensurador, possibilita o diálogo, a
abertura, a relação e, portanto, a realização das pessoas umas com as outras no
mundo. Queremos saber se há um caminho na discussão desenvolvimentista para uma
democratização[1] de fato, que
abra o entendimento da população mundial, de maneira crítica, quanto ao modo como
alguns países se desenvolvem enquanto exploram outros.
Queremos saber
se é melhor ou não que todos saibam que o desenvolvimento científico e tecnológico
em seu rosto diversificado pode criar abismos, ainda, maiores entre raças,
etnias, classes sociais; queremos saber se Aristóteles é atual ao dizer que “a
riqueza como glória e o prazer como glória não tornam o homem mais feliz”. (Aristóteles,
1985: 1 .I,cap.3-4) [2], enquanto o distancia
dos demais seres existentes e de sua casa primeira. Queremos saber se
a ética se refere ao todo da vida e, logo, importa pensar uma ética não apenas
humana, mas também cósmica [3]; queremos saber se a
fusão da ciência e da técnica tende a beneficiar a todos ou a grupos particulares.
Queremos saber se estamos abertos a nos deparar com desafios que tocam a vida
em suas diversas dimensões; queremos saber se percebemos que a vida é mistério,
que escapa e foge escorregadiamente de qualquer pretensão, de qualquer
ditadura, de qualquer imposição. E, por isso, ela se encontra aberta ao
sentido, aberta à liberdade de ser e, mais ainda, aberta à potencialidade de
seu ser rompendo com reducionismos. (Vagner Moreira da Silva)
[1] Embora
saibamos que existam países no mundo, distantes de um governo democrático.
Todavia, mesmo que esses países estejam distantes da democracia, eles também
são afetados pelo impacto da técnica e da ciência ou seu desenvolvimento sem
controle coloca em risco a segurança de outras vidas. (Este pode ser o retrato
da China)
[2]Cf. ARISTÓTALES. Ética a
Nicômaco. Brasília: UNB. Citado em: PEGORARO, Olinto A. Ética ebioética:
Da subsistência à existência. Petrópolis, Vozes, 2002, p. 34.
[3]Cf. PEGORARO, Olinto
A. Ética e bioética: Da subsistência à existência.
Petrópolis, Vozes, 2002, p. 32
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