sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Uma bioética da libertação (Parte II)



Não obstante, após longos séculos, este mesmo Deus terá outro forte atributo dentro desta mesma tradição. Tradição que possibilita gerar outra tradição, a cristã. Esta se afirma como tal após o evento Cristo. Este, segundo seus seguidores, é Deus de Deus e enviado por Deus para mais uma vez libertar o povo. (Jo1, 1-18). E para os cristãos, isto é, para os adeptos de Cristo, a libertação de Cristo é, ainda, mais radical, já que, ele não só libertaria um povo, mas todos os povos, ou seja, toda a humanidade do jugo da morte.
Logo, Jesus revela não só um Deus libertador nos moldes judaicos, mas também um Deus solidário, próximo e amigo (Cf Ex 3, 7-10; Lc 10,30-35 ); um Deus que é pão em abundância (Cf. Jo 6,35 ); um Deus inclusivo (Lc 10,38-42) e que se dá a conhecer a todos e, de maneira especial aos humildes ( Lc10, 21-22). Ele é a fonte da vida (Jo 7,38); ele é o farol da eternidade (Jo 8,12); ele é o bom pastor e nos conhece verdadeiramente (Jo 10,14-15); ele é a vida plena (Jo 10,10); ele é a ressurreição (Jo 11,23-25), esse é o Deus revelado por Cristo (11,27).
 Assim, Jesus tende a revela tanto que Deus é libertado como também é o Deus da vida. Por isso, para os cristãos, filhos do judaísmo, o mesmo Deus que libertou o povo do regime faraônico é o Deus que libertou o povo das amarras da injustiça social de seu tempo, libertou o povo do moralismo religioso, libertou das técnicas de argumentações fechadas e submissas a um templo, libertou a humanidade da morte eterna. Já para os judeus, o Deus libertador é o único Deus existente[1]. Continua.... (Vagner Moreira da Silva)




Créditos da foto: http://www.releaseawhitedove.co.uk/userimages/dove%20in%20flight.jpg


[1] Mas não vamos entrar nesta questão, pois é extremamente polêmica e profunda quanto divisora de águas. 

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